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Alerta de incêndio: como as brigadas são acionadas

Levantamento da Brigada Aliança aponta como as equipes recebem as notificações de incêndio e comprovam eficiência do sistema de inteligência territorial



No calendário, o ano ainda não acabou. Mas com a volta das chuvas na maior parte do país – e sobretudo nas áreas atendidas pela Brigada Aliança – nossos Guerreiros do Fogo podem aproveitar um merecido descanso após uma intensa temporada de combates a incêndios florestais. Também é momento de balanço do resultado das operações e os primeiros dados indicam que o ano foi bastante positivo.


“Tivemos uma temporada extremamente eficiente”, comemora Caroline Nóbrega, gerente-geral da Aliança da Terra, organização responsável pela manutenção da Brigada Aliança. “Nas nossas bases em Goiás, por exemplo, mais de 90% dos combates foram eliminados em no máximo dois dias, o que ressalta a qualidade da tecnologia e do modelo de operação que desenvolvemos nos últimos 13 anos”.


Um dos segredos dessa eficiência, que aumenta ano após ano, está na deteção precoce dos focos de incêndio florestal. A Brigada Aliança conta com um exclusivo Sistema de Inteligência Territorial, que utiliza três níveis de contenção para gerar alertas quase que em tempo real para as equipes: sensoriamento remoto via satélite, monitoramento terrestre e uma rede de apoio junto às comunidades nas áreas cobertas.



O sistema está em permanente evolução. Este ano, pela primeira vez, uma análise de todas as ocorrências atendidas pelas 12 bases da Brigada Aliança – cinco no Pantanal, seis em unidades de conservação em Goiás e uma brigada indígena na região do Xingu – revelou quais foram as fontes primárias. “Temos muitas soluções sobre detecção precoce, mas nunca havia entendido como é feito o acionamento”, explica Caroline.


Sistemas complementares


Os resultados obtidos na análise demonstram a importância de manter formas complementares de acionamento em um mesmo sistema de detecção. Em Goiás, por exemplo, 50% dos focos foram identificados pelo monitoramento terrestre feito pelos brigadistas – os alertas feitos por satélite representam 17%, e o acionamento pela comunidade, 12%. Como o trabalho – realizado em parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad-GO) – é feito com foco em unidades de conservação, as equipes costumam se posicionar em locais estratégicos, como mirantes, que permitem uma ampla visualização, e, assim, avistarem rapidamente qualquer sinal de fumaça. Nos parques cortados por rodovias, outra ação importante é percorrê-las, sempre atento também a qualquer pequeno alerta.


Já no Pantanal, onde a atuação das cinco equipes da Brigada Aliança está concentrado em áreas privadas, os alertas da comunidade acabam tendo uma importância muito maior. Eles representam 60% do total de acionamentos, contra 20% do monitoramento terrestre e 15% do sensoriamento remoto via satélite. Este ano, um dos acionamentos foi feito por um componente adicional no sistema de inteligência territorial: um sistema de câmeras de monitoramento que cobre parte da região.


A brigada indígena Kamayurá, que conta com o apoio da Brigada Aliança na região do Xingu, conta primordialmente com informações dos satélites para acionar sua equipe. Esse sistema é responsável por 74% dos alertas que resultaram em combates. Outros 16% foram fruto de avisos da comunidade e 10% do trabalho de monitoramento terrestre. “Situações diferentes exigem soluções diferentes”, diz Caroline. “Isso comprova como sistema funciona como um todo”.


O levantamento da Brigada Aliança identificou também casos em que houve acionamento quase simultâneo por mais de uma fonte. A redundância é um indicativo positivo e reforça a robustez do sistema. Em vários momentos, o alerta feito pela comunidade foi concomitante com a notificação feita pelo satélite.


Outro ponto avaliado pela análise é o impacto do trabalho de prevenção, anterior à temporada de combates, em que as equipes visitam propriedades rurais e comunidades em suas áreas de atuação, explicando as práticas para reduzir os riscos de incêndios e criando um vínculo com os moradores, que se tornam “agentes” avançados no monitoramento. “Costumamos dizer que a prevenção que olha no olho é super importante. O grande objetivo da nossa tecnologia social é gerar engajamento das pessoas, que passam a ser ativas na hora de nos avisar de qualquer incidente”, diz Caroline.


Ciência e planejamento


As informações obtidas ao longo da temporada são cruciais também para aprimorar o conhecimento das equipes, que são intensamente treinadas a partir de critérios científicos para entender o comportamento do fogo e, assim, planejar a atuação no monitoramento e nos combates. Dados obtidos com o sensoriamento remoto, por exemplo, são usadas como base para o monitoramento terrestre. Identificando os locais mais críticos, é possível intensificar monitoramento e orientar deslocamentos.


Além do histórico de focos de calor, informações de temperatura, chuvas e velocidade do vento servem tanto para mensurar risco quanto para a tomada de decisões em situações de combate. “Se sabemos que tem um foco de incêndio numa área próxima de um parque, por exemplo, e qual a direção do vento naquele momento, podemos aumentar nossa atenção, já que há um indicador de maior risco. Informações climatológicas também são fundamentais para definir estratégias de combate”. Afinal, incêndios se combate também com informação e ciência.


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