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A construção de um líder

Conheça a história de Isafas Balke, o mestre de obras que se tornou um dos líderes da Brigada Aliança no Pantanal



Era 2014 quando Kelly Mahone, instrutor do Serviço Florestal dos Estados Unidos e membro de alto escalão dos Smokejumpers – uma equipe de elite entre oc combatentes americanos –, questionou um grupo de brigadistas em treinamento da Brigada Aliança se eles estavam prontos para serem líderes. Apenas uma pessoa respondeu que sim. O restante, por respeito aos líderes presentes, disse não. Entre eles estava Isafas Balke - atual líder da Brigada no município de Pedra Preta (MT). Desde maio de 2021, Balke comanda um time de seis guerreiros do fogo no projeto de agrobrigadas implantado em parceria com a JBS no Pantanal.


Balke assumiu o comando de uma equipe pela primeira vez em 2017, em Barra do Garças, também no Mato Grosso. “Não vi tanta dificuldade. Existem várias maneiras de liderar. No meu ponto de vista, o líder, é aquele que, em toda missão, ou ele já fez aquilo que pede para seu time fazer, ou ele faz junto com a equipe. Ele está na linha de frente.”



Balke (em primeiro plano), abrindo aceiros com a equipe e funcionários de fazenda


O discurso de que a pessoa que assume o posto de comandante deve passar por todas as dificuldades do dia a dia é coerente com sua trajetória. “Comecei atendendo as fazendas e projetos em áreas indígenas”, conta. “Em 2016, começamos a atuar em parceria com o Ministério Público em Barra do Garças. Um ano depois, liderei a minha primeira equipe e em 2020 assumi o posto no baixo Araguaia e no Xingu.”


Antes de ingressar na Brigada Aliança, Balke era mestre de obras em Querência. E é com o pensamento de um ‘tocador de construção’, como ele diz, que ele lutou para ser o homem que é hoje. “Os treinamentos nos ensinam a dar valor às coisas pequenas”, diz.


O treinamento com Kelly Mahone foi, para Balke, o que mais o impactou. “Era um treinamento de muita exigência física e mental, e às vezes a gente não entendia o porque estava fazendo algo. Cada dia era pior que o outro. A mente só pensava ‘o que isso tem a ver com apagar fogo?’. Eu não conseguia entender o treinamento. Foi um dos mais desafiadores, mas depois de tudo que a gente passou, fez muita diferença ao longo dos anos.”


No treinamento, o instrutor americano oferecia duas rodas, dois pedaços de madeira e vários equipamentos e dizia aos brigadistas que era preciso inventar algo para deslocar os equipamentos de ponto A ao ponto B. “Ele colocava a gente pra empurrar a viatura por 20 quilômetros, com equipamentos em cima, em areia. Naquele momento a gente não entendia o motivo. Hoje, eu sei que aquilo era para aprendermos improviso, adaptação e cumprir a missão. Todo combate tem dificuldade e nem sempre você tem os recursos disponíveis. Em cada treinamento extremo, físico e mental, o corpo e a mente vão medindo os seus limites.”



A equipe de Pedra Preta: sempre na linha de frente


Para Balke, ser líder, exige compromisso com a missão. Mas nem todos têm o que é necessário para comandar uma equipe em combate. “Tem gente que é líder nato e tem gente que demora a chegar nesse nível. E tem pessoas que nunca vão conseguir ter um bom papel com liderança. Depende do perfil da pessoa”, ele explica. Mesmo assim, ele demanda o melhor de cada membro da sua equipe, sem restrições. “A pessoa não tem que ser melhor que o companheiro ou o melhor da equipe, mas o melhor de si próprio. Assim a gente reconhece quem realmente tem esforço e vontade de aprender”.


Quando olha para trás, Balke reflete sobre como, ao longo do tempo, passou a compreender melhor o alcance do trabalho de u7m brigadista. “Não dá para descrever o trabalho da Brigada Aliança apenas como combate a incêndio florestal, vai muito além disso. Em todo o trabalho que a gente faz, é importante entrar e sair de cabeça erguida. Eu vejo quantas parcerias já tivemos: fazendas, órgãos do governo, Corpo de Bombeiros, prefeituras, unidades indígenas. É gratificante trabalhar com todas essas pessoas e cumprir nossa missão.”



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