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Foto do escritorDaiany Andrade

Brigada Aliança: Há 15 anos na linha de frente entre o fogo e a vida

Uma história de dedicação e coragem aliada à ciência e à tecnologia para combater incêndios, proteger a natureza, defender a produção agrícola e salvar vidas


Guerreiros altamente treinados, equipamentos de ponta, tecnologias para detecção e monitoramento do fogo, suporte constante da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento, técnicas e metodologia aprimoradas em anos de experiência no combate a incêndios florestais.


Assim podemos descrever a Brigada Aliança hoje, exatos 15 anos após a sua criação, em agosto de 2009. Mas lá atrás a realidade era bem diferente. A primeira equipe era formada por dez guerreiros (no sentido literal da palavra) que receberam na época treinamento do Serviço Florestal dos Estados Unidos.


“Esses dez primeiros eram realmente desbravadores que iam para o ambiente de combate muitas vezes sem estrutura, sem apoio. Eles iam realmente para cumprir a missão. Muitas vezes sem informação do que iam encontrar”, lembra Caroline Nóbrega, diretora geral da Aliança da Terra.


Guerreiros, desbravadores, e por que não heróis? Afinal, a Brigada Aliança nasceu como resposta a um cenário desesperador enfrentado por moradores, produtores rurais e povos indígenas que viviam no nordeste do Mato Grosso.


Registro do primeiro treinamento da Brigada Aliança realizado em julho de 2009

Por muitos e muitos anos, a região sofreu com incêndios florestais devastadores que destruíam a vegetação e levavam junto pastagens, animais, equipamentos, benfeitorias, além de ameaçar as casas e a vida de todos.


O sentimento era de abandono do poder público e de que todos estavam entregues à própria sorte. Nenhuma solução estava à altura do problema. Por isso a necessidade de se criar uma brigada para ajudar a população local e os produtores a combater os incêndios. Mais do que isso, ajudar a evitá-los com prevenção, treinamentos e capacitação.


“Eu vejo que esse trabalho que a gente faz é mais do que missão, mais do que dever, obrigação, é comprometimento. Eu amo isso aqui, eu amo o que eu faço”, disse o atual comandante da Brigada Aliança, Osmano Santos, que está na corporação desde o começo.


Apesar de ser um dos mais experientes e uma principais referências no grupo, Santos faz questão de dizer que a motivação que tem hoje para atuar nos combates é a mesma de quando era novato.


“Eu tenho a mesma motivação de antes, a mesma inspiração para combater o fogo. Se for para a linha de frente, eu vou com a mesma motivação que tive quando eu combati o primeiro incêndio”, enfatiza ele.


Os primeiros brigadistas foram desbravadores e atuavam muitas vezes sem estrutura e sem apoio

Material humano


Disciplina, inteligência emocional, bom condicionamento físico, boa comunicação e interação com a equipe e as comunidades locais são alguns dos requisitos essenciais para um bom brigadista.


Sem dúvidas ele é peça central para os resultados alcançados no trabalho de prevenção, controle e combate aos incêndios florestais. Afinal, nenhuma tecnologia isolada é capaz de deter o fogo, se não tiver uma equipe preparada para atuar na linha de frente.


Mas vale destacar que os guerreiros da Brigada Aliança são mais que preparados, eles são extremamente comprometidos com o que fazem.


“Desde que entrei o objetivo tem sido o mesmo, salvar o Cerrado e as outras vegetações e conseguir fazer isso é um orgulho, é uma sensação de dever cumprido. Muito gratificante poder ajudar nosso bem mais precioso. A Brigada Aliança é a guardiã do Cerrado”, disse Lisandra Rodrigues, sub líder da base do Parque Estadual dos Pireneus (PEP).


Uma das poucas mulheres na equipe, ela entrou em 2021 depois de participar de um treinamento em Corumbá de Goiás. “Passei em 1° lugar geral, entre homens e mulheres.  Fui chamada para trabalhar e desde então estou nessa profissão”, contou.


Lisandra Rodrigues, sub líder da base do Parque Estadual dos Pireneus (PEP)

O compromisso com a natureza é compartilhado por outros colegas. “Eu sei que estou fazendo o certo defendendo o meio ambiente  em minhas ações nessa vida. Todos temos uma missão na vida. A minha é fazer o máximo para ajudar o meio ambiente. Quero poder dizer no futuro: 'Eu estive lá, ajudando a defender o meio ambiente'", disse o subcomandante da Brigada, Luiz Junior da Silva Martins.


Integrante da Brigada desde 2010, ele acompanhou toda transformação nos últimos anos. “Nós evoluímos em todos os aspectos. Organizacional, tecnologia, equipamentos e no reconhecimento do trabalho prestado  nos lugares onde atuamos”, destacou.


Reconhecimento, respeito e valorização com certeza foram conquistas importantes nessa década e meia de atuação. Afinal, “onde a Brigada atua ela resolve, resolve”, como bem disse o idealizador e co-fundador da Aliança da Terra, John Carter.


Além de resolver, como os números comprovam, com mais de mil incêndios combatidos, a Brigada conta com outro diferencial importante.


“Um ponto forte é a questão da tecnologia social. A aproximação com as comunidades, com os moradores do entorno das Unidades de Conservação, com as comunidades indígenas e com os proprietários das fazendas”, disse a coordenadora de projetos da Aliança da Terra, Joisiane Araújo.


“Todo o aparato tecnológico, junto com a expertise da Brigada e o apoio das comunidades formam um combo completo para que se tenha uma resposta rápida e eficaz diante dos incêndios e até mesmo nas ações de prevenção”, completou ela.


Hoje, a Brigada Aliança se ergue como uma força indispensável na proteção das florestas e de áreas privadas.  Mais do que combatentes do fogo, os brigadistas são guardiões de um patrimônio natural e cultural, comprometidos com a preservação de um legado para as futuras gerações.


A Brigada não é apenas um escudo contra o fogo, mas um símbolo de resistência e renovação e segue há 15 anos sendo a última linha entre o fogo e a vida.  


Hoje a Brigada é formada por guerreiros altamente treinados e usa equipamentos de ponta

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