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Foto do escritorDaiany Andrade

A diferença que a Brigada faz na vida das pessoas

Novos subcomandantes colecionam histórias de emoção e gratidão


Equipe da Brigada em treinamento, no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCaN)

Experiência, comprometimento e paixão. Três palavras que ajudam a definir a trajetória de Eusimar de Souza Araújo e Luiz Junior da Silva Martins na Brigada Aliança. Acostumados a ocupar funções de liderança, eles acabam de assumir o cargo de subcomandantes da Brigada.


“Esse convite me pegou de surpresa. Foi emocionante”, disse Araújo. Há cerca de 12 anos como integrante da Brigada, ele se considera pronto para novos aprendizados e, principalmente, para o novo desafio.


“Eu mesmo fiquei me perguntando se era verdade. Até fui conversar com o pessoal e me disseram que éramos nós mesmo os novos subcomandos, que nós fomos escolhidos devido ao nosso conhecimento em combater incêndios florestais”, disse Martins.


Os dois foram comunicados da promoção ao novo cargo durante o último treinamento avançado de liderança com estratégia e táticas das forças especiais dos Estados Unidos, realizado em fevereiro, no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCaN), em Goiás.


Aliás, também foi por meio de um treinamento que eles ingressaram na Brigada Aliança. Martins em 2010, e Araújo em 2012. Com experiências de vida bem diferentes, eles aceitaram o desafio para serem guerreiros do fogo e passaram a combater incêndios para salvar vidas, propriedades rurais e florestas.


Nova vocação


Luiz Junior da Silva Martins entrou para a Brigada depois de participar de um treinamento, em 2010

Martins foi mais resistente à ideia, afinal, quando menino acompanhou o pai, que era vaqueiro, em algumas ações de enfrentamento de incêndio. Por ter visto muita destruição causada pelo fogo ele preferia se manter longe dele. A virada de chave foi entrar para a Brigada.


“Fiz o curso por curiosidade e pelo conhecimento e me chamaram para entrar. Aí eu pensei: vou fazer um teste. E desse teste estou até hoje”, contou ele.


Com cerca de 90 dias atuando na Brigada, assumiu a liderança de uma das bases, em Bom Jesus do Araguaia, no Mato Grosso. Depois liderou outras bases até assumir atualmente a base no Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco (PEAMP), em Goiás, onde tem alcançado resultados surpreendentes.


Araújo também descobriu uma nova vocação. Antes havia trabalhado como vaqueiro e eletricista. Ele já admirava o trabalho da Brigada quando morava em Novo Santo Antônio (MT). “Não tinha corpo de bombeiro perto. A Brigada é que fazia a diferença”, lembra.


Quando participou do treinamento, em São Miguel do Araguaia (MT), a intenção já era fazer parte da corporação. Começou como brigadista júnior no Parque Estadual do Araguaia, no Mato Grosso, até se tornar líder interino da equipe.


De 2015 até 2020, se estabeleceu como um dos líderes da base no Parque Estadual do Xingu (MT). Além disso, liderou uma das cinco equipes do projeto Brigadas do Pantanal.


Ao longo de todos esses anos eles acompanharam de perto o crescimento e a evolução da Brigada Aliança. “Antigamente a gente só usava abafador e bomba costal, e a força mesmo bruta. Hoje nós temos a bomba costal, assopradores, até drones para monitorar nós temos, temos acesso a satélites que mostram focos de calor”, explica Martins.


Araújo concorda e destaca também a chegada de novos integrantes à equipe, o uso de tecnologias como os novos aplicativos, e o acesso à internet, que é possível em quase todos os lugares. “Antigamente era no escuro. Hoje tem mais clareza, tudo é mais nítido e rápido”.


Histórias marcantes


Eusimar de Souza Araújo está na Brigada deste 2012

Não é difícil arrancar boas histórias de combate dos dois. Araújo mesmo lembra com profundo carinho um dos momentos mais marcantes do seu trabalho até hoje.


Quando participava de um combate a um incêndio, em Poconé, na entrada no Pantanal, onde percorreu cinco fazendas da região, ele conta que o trabalho foi árduo e teve a participação dos donos das propriedades. Foram dias de muita tensão e preocupação.


Felizmente tudo acabou bem. Quando os brigadistas foram informar aos produtores que o fogo estava controlado houve muita comoção. Muitas pessoas se abraçaram, choraram e declararam gratidão aos guerreiros da Brigada. Disseram que, se não fossem eles, teria queimado tudo. “Ali que a gente viu a diferença que o nosso conhecimento faz”, disse Araújo.


Martins também tem boas histórias para contar. Uma delas ocorreu em 2015. No assentamento Bordolândia, em Bom Jesus do Araguaia (MT), um casal de idosos estava sendo cercado pelo fogo e não tinha nenhum meio de transporte para sair do local.


“O incêndio estava muito grande e muito veloz”, lembra Martins. A decisão dele e de mais dois integrantes da Brigada foi pegar uma caminhonete para salvá-los. A missão exigia rapidez e eficiência.


“Quando a gente colocou eles no carro e olhamos para trás, o fogo já estava próximo da estrada, muito perto mesmo”. Ao retornarem ao local, após o controle total do incêndio, viram que a casa em que os idosos viviam estava completamente destruída.


“Se eles tivessem continuado lá, eles teriam morrido. E isso a gente guarda no coração da gente. Que a gente já salvou alguém”, conta Martins com orgulho.




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